"Pelo Rascunho Zero da Rio+20,
o caminho em direção ao desenvolvimento sustentável será percorrido um passo de
cada vez. Pena que talvez não dê para chegar a tempo..."
O primeiro dia “oficial” da Rio+20 acabou em frustração.
Frustração pela incapacidade dos líderes mundiais de chegarem a um acordo que
encurte o percurso que leva a um mundo mais sustentável. Frustração pela nossa
incapacidade (afinal, sociedade civil e setor privado, reunidos em diversos
eventos paralelos, parecem convencidos do imperativo da sustentabilidade) de
convencer os nossos governantes de que chegou a hora de atitudes determinantes,
com a adoção de metas e o desembolso de recursos que permitam assegurar que o
desenvolvimento sustentável superará a mera retórica.
Os negociadores brasileiros, diga-se
de passagem, não deveriam ser crucificados – como vem sendo – pela nova
proposta de “rascunho zero” que, na verdade, apenas reflete a lamentável
impossibilidade de um acordo. O pior que poderia acontecer, talvez, seria
chegar ao final desta Rio+20 sem NENHUM acordo. O texto proposto pouco garante, é
verdade. Chega a ser frouxo. Mas, se em vez de pouco, ao final da conferência
não tivéssemos NADA, seria um desastre. O texto proposto, ao menos, reafirma
alguns princípios caros aqueles que defendem o desenvolvimento sustentável e,
se aceito – como parece que foi – pelos líderes mundiais, ao menos contribui
para consolidar um discurso que aponta o caminho certo.
O
problema é que esse caminho é longo, e já deveríamos, há algum tempo, ter nele
avançado muito mais do que foi feito até agora. O aquecimento global e outras
fronteiras ambientais que estamos ultrapassando sem dó não irão esperar que
criemos juízo. O fato é que fica claro, pelo caminhar da Rio+20, que o
desenvolvimento sustentável não será alcançado rapidamente. Talvez já seja,
inclusive, tarde demais. Mas os líderes mundiais parecem não ter pressa...