quarta-feira, 5 de outubro de 2011

#OccupyWallStreet?

É cedo para dizer se haverá uma “Primavera Yankee”, mas o fato é que os americanos já demonstram sinais de que não estão contentes em viver no país desenvolvido mais desigual do mundo.

Três livros ajudam a entender as origens da crise que fez com que os americanos se unissem aos “indignados” de outras partes do mundo:

- Stiglitz, Joseph E. Freefall: free markets and the sinking of the global economy, Londres : Allen Lane, 2010

- Krugman, Paul. The return of depression economics and the crisis of 2008, New York: W.W. Norton, 2009

- Wolf, Martin. Fixing global finance, Baltimore: Johns Hopkins University Press, 2010

O mais completo deles é o de Stiglitz, já que os outros apenas acrescentam, a livros anteriormente publicados, capítulos analisando a crise atual. Lidos em conjunto, os três livros apresentam um bom panorama dos principais fatores que levaram à crise:

1) desequilíbrios macroeconômicos (aspecto que é mais enfatizado por Wolf, que culpa os superávits de países como a China pelo excesso de liquidez que levou à bolha dos empréstimos subprime nos Estados Unidos);

2) desregulamentação financeira (o livro de Krugman tem um capítulo sobre “shadow banking system” onde mostra os efeitos da derrogação da Lei Glass-Steagall nos Estados Unidos, que permitiu que os bancos comerciais entrassem em negócios de bancos de investimento, aumentando o seu risco);

3) incentivos perversos (Stiglitz é o mais preocupado com as falhas de governança corporativa que levaram à crise, que ele aborda em um capítulo inteiro, intitulado “O triunfo da cobiça sobre a prudência”)

Poucas medidas foram tomadas até agora para resolver esses problemas. O enorme resgate do sistema financeiro patrocinado pelos governos agravou os déficits públicos e contribuiu para a crise atual. Wall Street continua resistindo ao aumento da regulação, e bônus astronômicos voltaram a ser pagos. Daí a justificada indignação de uma população obrigada a conviver com o desemprego e a recessão.