quarta-feira, 5 de junho de 2013

Artigo - jornal Hoje em Dia - 31/05/13


A Aliança do Pacífico e o Brasil


No dia 23 de maio encerrou-se a VII Cúpula da Aliança do Pacífico, bloco fundado em 2011 por Chile, Colômbia, México e Peru que começa a chamar a atenção, principalmente quando comparado ao combalido Mercosul.
Reunindo países com governos dos mais liberais do continente – no caso do Peru, a iniciativa de se juntar ao grupo se deve ao presidente anterior, Alan García – a Aliança pretende eliminar até o final de junho 90% das tarifas de importação dos produtos comercializados entre seus membros. Já conta com dezesseis Estados observadores, como a Costa Rica – que se unirá à Aliança – Panamá, Espanha, Canadá, Japão e até mesmo o Paraguai, ainda suspenso do Mercosul.
Juntos, os quatro países fundadores têm população superior a 200 milhões de habitantes, com PIB de mais de 2 trilhões de dólares – o que equivale a 35% da riqueza da América Latina – e respondem por mais de 55% das exportações da região. Caso fossem um único país, formariam a 9ª maior economia mundial.
Diferentemente do Mercosul que, por ser uma união aduaneira, depende do consenso entre seus membros para assinar novos acordos com concessões tarifárias, a Aliança do Pacífico se caracteriza como zona de livre comércio, o que permite que seus países celebrem esse tipo de acordo individualmente.
O resultado disso? O Mercosul assinou apenas 3 acordos de livre comércio desde sua criação, enquanto o Chile tem 21 desses acordos, o Peru 12, o México 13 e a Colômbia 11. Coincidentemente ou não, os países da Aliança têm se destacado por sua taxa de crescimento econômico. Enquanto a América Latina cresceu 3,1% em 2012, o Chile cresceu 5,5%, o Peru 6,3%, o México 3,5% e a Colômbia 4,8%.
O Brasil deveria se preocupar. A Aliança do Pacífico está inserida no contexto mais amplo do surgimento de novos acordos de livre comércio bilaterais e regionais que vão além das simples concessões comerciais, estabelecendo, também, regras sobre propriedade intelectual, compras governamentais, serviços e proteção aos investimentos. Ficar de fora desses acordos não apenas prejudica a competitividade de nossas empresas, que deixam de ter preferências tarifárias, mas nos afasta da negociação daquelas regras, que podem vir a se tornar padrão mundial sem que tenhamos participado de sua criação.

Publicado no jornal Hoje em Dia (MG) em 31 de maio de 2013, p. 14.